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5 Motivos para Integrar Playful Activities nas suas Aulas

Perdi as contas de quantas vezes ouvi a pergunta “mas é só brincar?” vinda de famílias de estudantes, colegas de trabalho e até mesmo de alguns coordenadores com os quais já trabalhei em algum momento dos últimos 20 anos. Afinal, aquelas crianças e pré-adolescentes precisavam aprender inglês para a escola, para o futuro, para conseguir um bom emprego, e não tinham tempo de ficar brincando. Durante algum tempo não se podia nem mesmo usar a palavra “playful” para definir o tipo de atividade que seria feito durante a fase de prática da aula (vai que alguém visse o meu lesson plan!), era melhor utilizar o termo “game-like”, pois transmitia uma ideia mais séria já que poderia ser um jogo, que não era o mesmo que brincar, e de certa maneira estava previsto no planejamento.

Embora a resistência ao brincar na sala de aula tenha diminuído, o mesmo questionamento que eu ouvia no passado ainda hoje persiste em alguns contextos de ensino, ou quando as crianças já conseguem ler e escrever com certa desenvoltura, a partir do 3º ou 4º anos do ensino fundamental, privando-as dos benefícios reais desse tipo de atividade. A ideia de que brincar pode levar ao aprendizado exige bastante argumentação, e até mesmo embasamento científico, porque associamos o brincar com algo desestruturado, barulhento, sem o controle do professor. E para aprender, dizem que precisamos de ordem, disciplina, silêncio, controle. Só que dessa maneira, também não dá certo, e o resultado é que todos ficam muito frustrados.

Na tentativa de resolver esse dilema, coloco abaixo 5 razões (que certamente não esgotam a lista de motivos) para inserirmos playful activities em nossas aulas:

  1. Playful activities contribuem para o desenvolvimento das habilidades linguísticas em diversas faixas etárias. Já que precisamos de uma justificativa para incluir jogos e brincadeiras em nossas aulas, que seja para promover oportunidades de prática da língua. Mas as playful activities não precisam estar restritas apenas aos momentos de prática. Podemos planejar atividades de abertura de aula, com o intuito de engajar os alunos no tema e incentivar aquela coesão no grupo. Também podemos utilizar tais atividades para consolidar o que foi feito. O mais importante aqui é ter um propósito claro para que os alunos utilizem a língua. Desenhar atividades contextualizadas que se assemelham às situações do cotidiano, adequadas ao perfil do grupo, é o segredo para que a experiência seja bem sucedida. E experiências de aprendizado bem sucedidas ajudam a sedimentar os conteúdos que estão sendo trabalhados.
  2. Playful activities abrem espaço para o trabalho com as habilidades socioemocionais. Jogos e brincadeiras sempre foram terreno fértil para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, não é de hoje. Quem brincou muito durante a infância, aprendeu a ganhar e a perder (nem sempre de maneira tranquila, verdade seja dita), a negociar e ter que chegar num acordo que estivesse bom para ambos os lados, a interagir. Além de desenvolver a confiança no outro pois dependia-se de alguma informação ou ação que não estava nas nossas mãos. Junto vinha a tolerância e algumas tentativas de empatia, porque havia sempre aqueles que diziam que teriam feito melhor. O bônus era lidar com a frustração, ou a persistência, dependendo do caso. Se ambos falhassem, estaríamos diante de uma oportunidade singular de desenvolver o autocontrole. Longe de esgotar a lista de habilidades socioemocionais, fica claro que jogos e brincadeiras são uma ótima maneira de aprender mais do que apenas o conteúdo linguístico. Goleman & Senge (2014:41) nos lembram que “a aprendizagem social e emocional complementa a vivência acadêmica – a soma das duas coisas é a educação integral da criança”.
  3. Playful activities resgatam a vivência do processo, ao invés de olhar apenas para o produto. Isso se faz necessário pois conforme crescemos, nos acostumamos a ter várias coisas prontas instantaneamente. Não conseguimos mais esperar o tempo de pensar do outro, terminamos as frases do nosso interlocutor, queremos todas as respostas corretas de primeira. Na contramão, as crianças (especialmente as mais novas) são capazes de se envolver nos processos mais facilmente. Um exemplo é como elas montam o castelo com os blocos e destroem em seguida, para poder montar de novo. Assim, permitir que os alunos se envolvam nos processos dos jogos e brincadeiras propostos os beneficiará para além da sala de aula.
  4. Playful activities aumentam o engajamento, auxiliando na concentração e foco. Jogos e brincadeiras têm um objetivo muito claro. Todos os envolvidos sabem o que tem que ser feito para chegar no resultado esperado (mesmo que a maior realização seja participar do processo conforme dito no item anterior). Para conseguir tal objetivo, é necessário compreender as etapas e se envolver para realizá-las, contribuindo para o aumento da atenção e concentração. É mais fácil nos engajarmos em atividades cujo propósito esteja claro.
  5. Playful activities are fun! Embora essa seja a última da lista, por si só já seria motivo suficiente para justificar a inclusão de atividades mais lúdicas nas aulas. Se o ambiente da sala de aula é acolhedor, os estudantes normalmente estarão em um estado mental propício para entender e vivenciar os aprendizados. Os cuidados a serem tomados devem levar em consideração o tipo de atividade que será proposto, se mais competitiva ou mais colaborativa, de acordo com o perfil do grupo. Evidentemente, uma turma altamente engajada e competitiva se beneficiará mais de atividades que desenvolvam a cooperação e a necessidade de troca de informação para se chegar a um resultado, incentivando o trabalho com os pares. Talvez naquela turma com um nível de energia mais constante, valha a pena propor algo que desafie o estado mental e provoque uma ação mais competitiva, sem prejudicar a coesão estabelecida entre os alunos.

E se o jogo ou a brincadeira não der certo? Não tem problema! Afinal estamos “apenas” simulando a vida real. Podemos investigar o que aconteceu, preferencialmente em conjunto com nossos alunos, e propor novas maneiras de desempenhar aquela atividade. Lembrando que para a aprendizagem ser verdadeiramente significativa, precisamos permitir que os alunos vivenciem situações diversas, tendo a chance de contextualizar informações novas e autênticas.  

Referências:

GOLEMAN, D. ; SENGE, P. (2014) O Foco Triplo – Uma Nova Abordagem para a Educação. Rio de Janeiro. Objetiva.
HIRSCH-PASEK, K. Einstein teve tempo para brincar. Rio de Janeiro. Editora Guarda Chuva. 2003.

About author

Cristiane é sócia da Troika e trabalha há mais de 20 anos com ensino de inglês, incluindo desenvolvimento de cursos e educação de professores. É bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo com licenciatura e especialização no ensino de inglês. Também possui pós-graduação em administração de empresas pela UNIP. Possui as certificações de ensino de inglês CEELT II e ICELT (University of Cambridge) e Anaheim TESOL (Anaheim University), além do diploma DELTA (University of Cambridge). Atualmente trabalha com criação e edição de materiais e planos de aulas para contextos bilíngues, além de consultoria para processos de gestão educacional.
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