A educação tem passado por grande transformação e o processo de educar deixou de ser baseado na mera transmissão de conhecimentos. Nesse contexto as metodologias ativas surgem como proposta para focar o processo de ensinar e aprender na busca da participação ativa de todos os envolvidos, centrados na realidade em que estão inseridos. O aluno torna-se protagonista no processo de construção de seu conhecimento, sendo responsável pela sua trajetória e pelo alcance de seus objetivos. E para que a aprendizagem seja ativa, é necessário que o educador tenha o desafiador papel de mediador e engajador do ensino. Tal visão alinha-se perfeitamente com a fala atribuída a Freire “Só desperta paixão de aprender, quem tem paixão de ensinar”. É a partir desses conceitos que podemos despertar essa paixão nos nossos alunos por meio do enriquecimento do conteúdo e reforço do vínculo e interação com os estudantes. Para tanto, é necessária a implementação de metodologias ativas em sala, onde o aluno é protagonista de uma aula inovadora, onde há a inclusão do lúdico como forma de aprendizagem, utilização e planejamento do trabalho em grupo e a seleção e aplicação de recursos tecnológicos em sala como apoio ao desenvolvimento do ensinoaprendizagem.
De acordo com Rojo (2013) a educação do século XXI requer flexibilidade, criatividade, capacidade de trabalhar em equipe, inteligência emocional e autocontrole, como alguns exemplos de habilidades que fazem parte das novas competências a serem desenvolvidas no ambiente escolar. Estão divididas em três âmbitos: intrapessoal, interpessoal e cognitivo. A educação tradicional conteudista perde força nesse cenário, frente às novas exigências de mercado, ao perfil dos estudantes de hoje e às novas tecnologias, que possibilitam fácil acesso à informação e à participação em rede com pessoas de interesse mútuo, tudo sem limite de espaço e tempo. A aprendizagem assíncrona e a transitoriedade das informações fazem necessária a reinvenção da escola e do papel do professor (BACICH; MORAN, 2018).
O modelo mais conhecido e praticado nas instituições de ensino é aquele em que o aluno acompanha a matéria lecionada pelo professor por meio de aulas expositivas, com aplicação de avaliações e trabalhos. Esse método é conhecido como passivo, uma vez que o docente é o protagonista da educação e o aluno assume um papel passivo não participativo nas aulas. Já na metodologia ativa, o aluno é protagonista e o maior responsável pelo processo de aprendizado. Sendo assim, o objetivo desse modelo de ensino é incentivar que a comunidade acadêmica desenvolva a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa. Ele se caracteriza pela inter-relação entre educação, cultura e sociedade, centrados sempre no protagonismo do aluno, promovendo sua aprendizagem. Pensadores como John Dewey já defendiam uma metodologia de ensino baseada na experimentação e autonomia do aluno desde o começo do século. O learn-by-doing (aprender fazendo) dialoga nesse sentido também com um dos pilares centrais da UNESCO para a educação (DELORS, 1998), que é o “aprender fazendo”.
Se basearmos a educação apenas na transmissão de conhecimentos e no modelo educacional tradicional em formato de aulas expositivas, a aprendizagem ficará estagnada no primeiro nível de complexidade do campo cognitivo e deixará de alcançar níveis mais complexos e necessários para o futuro profissional de nossos estudantes.
De acordo com Benjamin Bloom (1983), os objetivos educacionais podem ser divididos em três partes: cognitivo (relacionado à lembrança de algo que foi aprendido), afetivo ou emocional (relacionado à emoção e à postura) e psicomotor (relacionado à coordenação motora), sendo o campo cognitivo o mais utilizado no contexto educacional. Na visão de Bloom, no campo cognitivo, existem seis níveis de complexidade organizados de forma crescente, do mais simples ao mais complexo. Para passar para um próximo nível, é necessário dominar o nível atual, como ao subir uma escada em degraus. O primeiro nível de complexidade é o conhecimento, nível de processos que requer do aluno a reprodução do que lhe foi transmitido. O segundo nível é o da compreensão, em que o estudante precisa, além de reproduzir, trabalhar a informação original, explicando-a em suas próprias palavras. Já o terceiro trata-se de aplicação. Neste nível, o estudante utiliza o conhecimento gerado em uma situação nova, problemática. O quarto é o nível de análise, no qual o estudante já é capaz de receber as informações, separá-las em partes e relacioná-las entendendo as inter-relações. O quinto é o de síntese. Neste nível, o estudante agrupa noções das informações compondo novos dados. O último é o de avaliação, sendo esse o topo da escada, no qual o estudante é capaz de produzir informações inovadoras. Se basearmos a educação apenas na transmissão de conhecimentos e no modelo educacional tradicional em formato de aulas expositivas, a aprendizagem ficará estagnada no primeiro nível de complexidade do campo cognitivo e deixará de alcançar níveis mais complexos e necessários para o futuro profissional de nossos estudantes. Vários estudos têm mostrado como pessoas aprendem de forma ativa, a partir de contextos significativos e trabalhando as habilidades e competências. O modelo escolar baseado na transmissão de conhecimento pode não abranger espaços de práticas e de autonomia, enquanto as metodologias ativas já os possibilitam. A aprendizagem ativa é então necessária no âmbito escolar para que os alunos não só atinjam níveis mais complexos no campo da cognição, mas também aprendam por meio de experimentação (learn-by-doing), incentivando assim a aplicação do conhecimento, a resolução de problemas e a criatividade.
BLOOM’S TAXONOMY
As tecnologias digitais móveis alinhadas às metodologias ativas propiciam a inovação pedagógica e ampliam as possibilidades de comunicação, compartilhamento de informação em rede, multiplicação de espaços e tempos, tornando resultados visíveis, bem como os avanços e as dificuldades dos alunos. Por meio da midiatização das tecnologias de informação e comunicação, “o desenvolvimento do currículo se expande para além de fronteiras espaço-temporais da sala de aula e das instituições educativas ” (ALMEIDA; VALENTE, 2012, p.60), superando valores, experiências e conhecimentos, antes restritos ao grupo presente nos espaços físicos. Além disso, um aluno não conectado e sem domínio digital perde importantes oportunidades de se informar, de acessar materiais ricos disponíveis em rede, de se comunicar e se tornar visível, de compartilhar ideias e de aumentar sua futura empregabilidade. (BACICH; MORAN, 2018).
O modelo SAMR.br é uma adaptação do modelo SAMR, criado por Puentedura (2006), que originalmente classificou usos das TDIC na educação em quatro níveis: Substitution (Substituição), Augmentation (Aumento), Modification (Modificação) e Redefinition (Redefinição). O ensino aprendizagem tornou-se dependente da tecnologia digital, através de meios digitais e o objetivo do SAMR é que o uso das tecnologias digitais colabore para a melhoria dos processos de ensino-aprendizagem.
A substituição é o nível mais superficial e corresponde à troca de uma ferramenta tradicional pelo o uso de uma digital. O aumento corresponde à aplicação da tecnologia em atividades melhorando o seu funcionamento. Na modificação, as tarefas são transformadas pelo uso da tecnologia e não poderiam ser desenvolvidas plenamente sem elas. Esse nível causa uma mudança estrutural na sala de aula. O último nível de integração é a redefinição, quando a tecnologia está amplamente incorporada e permite a criação de tarefas que não seriam possíveis sem o uso dela. Os dois primeiros níveis correspondem ao campo “aperfeiçoamento” e os dois últimos ao campo “transformação”. No que diz respeito ao educador, o modelo SAMR o ajuda a perceber como utiliza a tecnologia em sala de aula e a identificar em que nível do SAMR ele está. Esse autodiagnóstico é importante para que os professores reconheçam aspectos bem sucedidos do uso de TDIC em sala e aspectos a serem melhor trabalhados. O modelo auxilia, pois, o professor a analisar de que maneira está contribuindo para a evolução da aprendizagem de seus alunos por meio do uso de tecnologias digitais e a perceber de que maneira está a evolução de seu uso.
BLOOM’S TAXONOMY
Encerro, portanto, com uma leve provocação: Se a autonomia intelectual é um dos objetivos da educação, como teremos avanços em nosso sistema de ensino valorizando uma educação que privilegia a pura transmissão de conhecimentos? Se a educação formal quiser continuar a ser relevante, ela deverá portanto rever conceitos, metodologias, incorporando diferentes possibilidades. Um modelo pautado somente em um tipo de metodologia dificilmente será bem sucedido.
REFERÊNCIAS
A cultura organizacional não é apenas um conjunto de valores escritos em um manual —…
El pasado mes de abril tuvimos la oportunidad de debatir sobre estas dos cuestiones que…
Founded in 2001 by Lorenza Aildasani, affectionately known as Lolla, Winner Idiomas is a center…
AI has been a hot topic since the advent of ChatGPT back in 2022. I…
The process of learning a foreign language is influenced by a complex interplay of factors.…
By a Teacher Who Bruised More Than Her Ego When I was a child, one…