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What happens when language fails? – Thiago Silva

A premiada escritora canadense Margaret Atwood uma vez disse “war is what happens when language fails”. Talvez Atwood não intentasse um sentido literal em sua frase, mas, em alguns momentos, isso chegou perto de se concretizar. Antes, no entanto, de contarmos esta história, vamos pensar no quanto uma escolha de palavras pode influenciar diretamente no resultado pretendido. Imagine quantas situações-chave um bom uso da linguagem é capaz de definir: desde uma oportunidade de emprego, até o sucesso de suas relações interpessoais.

A forma que nos expressamos e nossa escolha de palavras evidencia diversas nuances de nossa identidade e pode impactar diretamente na mensagem que tentamos transmitir. Para alunos brasileiros que estão aprendendo inglês, portanto, esse tópico é essencial e se aplica até mesmo para sutis diferenças entre palavras que são consideradas sinônimos: quantos, por exemplo, sabem em qual contexto utilizar as palavras trash, garbage e litter? Sutis escolhas como essa, apesar de complicadas para os estudantes, podem representar o sucesso ou o fracasso da comunicação.

Um dos mais famosos e controversos exemplos de que a comunicação entre línguas é tão importante quanto complicada, até mesmo para profissionais bilíngues, ocorreu no decurso da Guerra Fria.

Durante uma recepção diplomática em Moscou, em 1956, o então líder soviético Nikita Khrushchev discursou aos embaixadores do bloco capitalista e, em dado momento, disse:”My vas pokhoronim”. Seu intérprete pessoal, que costumava acompanhá-lo em suas visitas à países estrangeiros, traduziu o trecho para “we will burry you”. Essa frase, que representou uma ameaça direta aos Estados Unidos, gerou imensas inquietações na já existente tensão entre URSS e EUA e veiculou em todos os canais de comunicação da época, deixando o mundo à beira de uma especulada guerra nuclear.

Posteriormente, analisando o contexto da frase de Khrushchev, num todo, foi esclarecido que sua intenção era aludir a uma frase de “O Manifesto Comunista”, de Engels e Marx, a qual dizia que o capitalismo, por si, causaria seu próprio fim, enterraria a si mesmo. As palavras de líder soviético, levando em conta o contexto completo, seriam “Whether you like it or not, history is on our side. We will live to see you burried”. Mesmo que ainda em tom desafiador, a frase que Khrushchev tentou expressar não representava uma ameaça bélica direta ao país opositor, o que acabou por acalmar um pouco os ânimos.

Passado esse episódio, o exemplo de como o mosaico linguístico no qual os seres humanos vivem urge por uma comunicação acurada entre os países ficou claro e, mais do que nunca, os profissionais bilíngues tiveram seu valor exaltado. É evidente a criticidade que envolve negociações e discursos diplomáticos são pontos em que as consequências são levadas ao extremo, porém o valor da linguagem passa a ser mais reconhecido quando refletimos sobre esses casos excepcionais.

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