Considerando o extenso número de exames de proficiência em línguas existentes, preciso informar que as reflexões aqui trazidas fazem parte de um recorte com foco nas provas utilizadas por (pós)graduandos para a admissão em instituições de ensino superior e/ou para programas de bolsas de estudo no exterior.
No mundo acadêmico atual, a proficiência em inglês tornou-se uma ferramenta quase indispensável para o sucesso, trazendo consigo uma série de vantagens, como: a possibilidade de contribuir em discussões acadêmicas globais, o aumento da visibilidade da pesquisa e da rede de contatos profissionais, o acesso à maioria dos avanços científicos e pesquisas de ponta, a oportunidade de obtenção de financiamento e bolsas, entre outras.
Contudo, sabemos que o ensino de Inglês no Brasil ainda enfrenta obstáculos que perpassam a falta de investimentos e valorização e fomentam o acesso limitado a recursos educacionais e o acesso desigual ao ensino de qualidade desde os anos iniciais. Consequentemente, o ensino de língua inglesa com foco nos exames de proficiência tem se deparado com candidatos com nível de inglês incompatível com o resultado desejado e/ou exigido nos exames e com o domínio restrito das habilidades linguísticas.
No último edital do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), apenas 34% das 2035 bolsas foram preenchidas. Esse edital tinha como requisito obrigatório ter a proficiência mínima em língua estrangeira exigida, B2 do Common European Framework of Reference for Languages (CEFR). Para o TOEFL ITP, por exemplo, o score exigido foi o 543. No entanto, o Resumo dos dados do teste e da pontuação disponibilizado pela ETS aponta que a nota média dos brasileiros no exame é de 525 (B1), quase 20 pontos abaixo do esperado.
Ainda há muito a ser feito tanto no Ensino de Inglês como Língua Estrangeira (EFL) quanto no Ensino de Inglês para Propósitos Acadêmicos (EAP). O cenário de Exam Prep Courses é amplo, mas ainda pouco explorado. Se você deseja adentrar esse cenário, aposte em um olhar curioso sobre as provas. O mercado carece de profissionais preparados e com um propósito que vá além do lucro.