Li com muito interesse o livro “Universo Maker na Educação: estratégias criativas para inovar na sala de aula”, da professora Débora Garofalo, que conheci quando de sua premiação como uma das 10 finalistas do “Global Teachers’ Prize”, da Fundação Varkey. Chamou-me a atenção não só o relevante reconhecimento por seu trabalho com Robótica de Sucata, mas também o fato de que onde outros viam impossibilidades, dadas as condições desafiadoras da escola onde atuava como professora, ela enxergava práticas inovadoras e possibilidades de educar em meio à grande vulnerabilidade do entorno da escola.
Esta obra reflete esta sua atitude em relação à docência. Trata-se de um guia com sólida base teórica (mas sem academicismos), com estudos de caso ilustrativos, o que torna a implementação das estratégias sugeridas mais fácil e acessível.
Num país em que a formação inicial dos professores está, como bem evidencia a OCDE Educação em seu estudo Talis (Teaching and Learning International Survey) de 2018, muito desconectada da realidade das escolas, não promovendo o necessário diálogo entre teoria e prática, livros como este são ainda mais necessários. Trazer propostas concretas de como utilizar a “cultura maker” em favor de práticas mais efetivas, que, de fato, assegurem engajamento e aprendizado dos estudantes no Ensino Fundamental e Médio, é a principal contribuição da obra.
O interessante é que o texto, escrito por uma professora formada em Linguística e Pedagogia, traz casos e estratégias não apenas ligadas à sua área de formação, como também para Matemática ou Ciências, sempre em diálogo com a Base Nacional Comum Curricular, evidenciando as habilidades que serão desenvolvidas no estudante com a prática adotada. Com base no seu premiado trabalho com robótica, Débora incluiu no texto uma reflexão teórica da importância de se trabalhar a cultura maker, com material para diferentes disciplinas ou em aulas específicas de inovação ou resolução de problemas que integram áreas de conhecimento.
Diferentes teóricos da educação enfatizaram a importância de se trabalhar com vivências e experimentação para assegurar a aprendizagem dos alunos, como Dewey, Maria Montessori e Paulo Freire. Em tempos em que a Educação Básica no Brasil ainda tem um desempenho frágil, dadas a tardia universalização do acesso ao Ensino Fundamental no país e a já referida formação inadequada de boa parte de seus docentes, a leitura do livro vai certamente ajudar.
Mas há um elemento a mais que torna a obra uma ferramenta ainda mais útil nas mãos de professores: vivemos o que o Fórum Econômico Global denominou de 4ª Revolução Industrial ou, o Futuro do Trabalho, título inclusive de uma publicação impactante da Organização Internacional do Trabalho- OIT, processo histórico marcado pelo advento da Inteligência Artificial que promete acabar, de forma acelerada, com milhões de postos de trabalho, especialmente os que demandam habilidades cognitivas de nível mais básico.
Certamente novas profissões e postos de trabalho serão criados, mas demandarão habilidades mais sofisticadas, como resolver colaborativamente problemas complexos com criatividade, pensamento crítico e criativo, assim como as chamadas competências do século 21, em especial abertura ao novo, persistência, resiliência e empatia.
Ora, a cultura maker bem trabalhada na educação escolar pode desenvolver exatamente estas habilidades tão necessárias não só para aprender melhor o que é ensinado nas disciplinas ditas tradicionais como avançar no preparo das novas gerações para um mundo do trabalho completamente diferente. Nele, elas terão que competir com “robôs” e seu sucesso será reduzido se apenas aprenderem a fazer mecanicamente o que os algoritmos já fazem bem. Suas possibilidades, por outro lado, podem se mpliar se, orientados por seus mestres, lograrem ser ensadores autônomos e criativos, trabalhando em times colaborativos. Mais ainda, caso, como preconiza Charles Fadel, no seu excelente livro “Educação para a era da inteligência Artificial”, souberem usar a IA a seu favor, tanto para aprender e trabalhar ou para transformar o mundo num lugar melhor.
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