Por vezes, e em muitos tipos de aula, muitos professores se esforçam para conseguir o silêncio e a atenção do grupo para que possam conduzir a aula de maneira proveitosa.
Penso que os professores que valorizam o silêncio e a concentração, apesar de muitas vezes incompreendidos por seus alunos, têm suas razões.
Não estou dizendo que uma aula deve ser um espaço de silêncio absoluto em que todos precisem se manter calados até que sejam convidados a falar.
Vivemos dizendo que o modelo de escola deve mudar. Temos testado novas formas de interagir com os alunos?
Nosso mundo está mudando rápido. Inúmeros assuntos parecem merecer a nossa atenção. Somos multi-tarefas com uma tendência (talvez um apelo enorme) para perder o foco. Falo de nossos alunos e também de nós, professores.
Por outro lado, uma aula pode e deve ser um espaço de troca, e esta troca será tanto mais rica quanto mais as pessoas envolvidas forem realmente ouvidas. Estamos realmente ouvindo o outro? Estamos focados no assunto? Somos colaborativos?
Imagino uma aula como um espaço em que, a partir de um assunto ou questionamento, ideias individuais fervilham e conversam com as ideias que vão sendo colocadas, e que com essa interação, outras ideias surgem num ciclo de construção, desconstrução e reconstrução. Entendo que em um processo como esse aprendemos todos, alunos e professores.
O silêncio, manifestado aqui não como a ausência da fala, mas como o respeito às ideias que estão sendo colocadas e a concentração do grupo naquilo que está sendo construindo em conjunto, pode trazer resultados mais ricos e elaborados. A sala de aula como um celeiro de ideias, experiências e exemplos sendo colocados a teste.
Uma ideia demasiadamente romântica? Talvez, mas muito possível… Possível, se os alunos entenderem seu papel não apenas como receptores das informações vindas de seu professor, mas também como possíveis fontes de conhecimento e questionamento. Possível, se em vez de respostas trouxermos mais perguntas para as nossas aulas. Possível, se em vez informações prontas, pudermos encorajar raciocínio conjunto e descobertas coletivas. Talvez por esse caminho possamos ter alunos mais participativos em vez de alunos muitas vezes dispersos.
Como professores, temos razão em pedir silêncio e concentração, mas talvez os alunos também tenham razão em nem sempre corresponder a essas expectativas. Não tenho a pretensão de ter as respostas, mas acho bom pensarmos nisso…
Tânia Regina Peccinini De Chiaro é graduada em Letras pela FFLCH e mestre na área de linguagem e educação pela Faculdade de Educação, ambas da USP. Como diretora da Link English Projects, desenvolve projetos corporativos de capacitação profissional para o atendimento de clientes estrangeiros em inglês e cuida da capacitação de professores. Tânia é autora de Inglês para restaurantes eInglês para hotelaria pela Disal Editora.
E-mail: tania@linkenglish.com.br