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Aprendizado com prazer no ensino de idiomas – Maria de Fátima

O que é aprender com prazer, para você? É ter motivação própria, é gostar do que está aprendendo, é apreciar a maneira em que seu professor está transmitindo seus conhecimentos?
Este artigo irá abordar a questão do prazer no ensino de idiomas.
É possível ensinar ou aprender com prazer? Essa questão geralmente surge nos primeiros momentos em que tentamos aprender algo, desde crianças. Quando pequenos, temos pela própria natureza humana vontade de conhecer, de explorar; somos curiosos ao máximo. Quem já não se viu ajoelhado no quintal de casa observando uma joaninha ou brincando com um inseto?
Quem já não vasculhou as gavetas do pai ou da mãe querendo achar algo interessante para brincar? Somos mesmo todos curiosos desde a infância e a sede pelo saber, pelo aprender é grande. Com toda esta vontade de aprender, temos em nossa própria família nossos primeiros professores: nossos pais e irmãos ou irmãs. Cada um, que por sua vez quer ensinar algo ao filho ou irmão.
É o pai querendo mostrar ao filho como montar um equipamento de som, é a mãe querendo ensinar a ele uma canção, é o irmão mais velho querendo ensiná-lo um idioma estrangeiro. São vários os estímulos externos conduzidos por pessoas que têm grande significado e importância na nossa formação, em todos os aspectos tais como emocional, social, cultural e espiritual.
Com esses “professores” fundamentais em casa e com a natureza própria da curiosidade poderíamos crer que aprender com prazer deveria ser algo óbvio e garantido. Mas na verdade sabemos que não é sempre assim. Ao começarmos nossos anos escolares, por exemplo, passamos a ter atitudes diferentes.
Alguns de nós vão à escola entusiasmados, cheios de motivação, querendo saber o que será que tantas crianças fazem lá. Esse primeiro contato social dá algumas vezes aquele “friozinho” na barriga gostoso, o que é de certa forma, prazeroso. Outros já vão à escola um pouco relutantes, pois estão “temporariamente” desligados de seu conforto e brincadeiras familiares.
Existem, é claro, aspectos psicológicos envolvidos, mas podemos ter certeza de que a novidade aprendida na escola será rapidamente repassada para alguém, especialmente da família. É a criança que aprende uma canção ou jogo na escola e acaba querendo ensiná-los ao irmãozinho mais novo em casa. Essa atitude gera um grande prazer e quando aquele que está ensinando verifica que existiram resultados, o prazer fica maior ainda.
Por que será , então, que o aprendizado se torna pesado e sem motivação?
Será que a curiosidade que temos dentro de nós desaparece como um “passe de mágica?”
Creio que o aprendizado tanto informal (que começa com a família) quanto formal ( que começa na escola) estejam ligados aos facilitadores, àqueles que estão tentando motivar o aprendiz a assimilar algo.
Vejamos o exemplo do pai que chama o filho para ajudá-lo a montar um equipamento de som.
Ele está ali com o filho totalmente, está concentrado e divertindo-se com o que está fazendo. Por alguns momentos o pai não se lembra das contas que tem para pagar, dos compromissos que virão na semana seguinte, pois está “curtindo” seu filho 100%.
Seu filho, por sua vez, sente a presença do pai e acaba se animando só de vê-lo entusiasmado com o manual de instruções.
Fica envolvido e só de ajudar o pai, em pouco tempo já consegue desvendar o quebra-cabeça da montagem do equipamento.
Além disso, foi escolha do pai chamar o filho para essa experiência. Estava disposto inteiramente naquele momento a se dedicar ao filho.
Observamos, no entanto, que esse tipo de dedicação e envolvimento algumas vezes não acontece no ensino formal.
Ao ingressarmos na escola, por exemplo, vemos modelos em certas ocasiões autoritários ou despreparados, que foram formados por gerações e gerações de professores também pouco sensíveis ao processo de aprendizado do aluno.
Lembro-me por exemplo, na minha infância, de professores que “rotulavam” alunos como fracos, medianos e ótimos, enfileirando-os conforme essa classificação.
Com o passar do tempo, vi gerações seguintes enfrentando o mesmo problema: observava meus sobrinhos em escolas tradicionais serem desmotivados devido ao acesso de raiva de um professor, por exemplo, que jogava os cadernos dos alunos no chão quando algo estava errado.
Pude observar também esses sobrinhos crescendo e enfrentando de forma similar problemas na faculdade devido à descrença e desencorajamento de certos professores que faziam com que alunos acreditassem não existir campo de trabalho naquela área. Conforme esses profissionais, teriam que “enxergar” a realidade como é e aceitá-la.
Vi alunos frequentando cursos de inglês onde professores deixavam o aprendizado tão pesado e sem propósito que as salas de aulas de reforço eram lotadas e esses alunos eram constantemente “castigados” com lições de casa intermináveis e repreensões, caso não assimilassem a matéria.
Pelos exemplos citados anteriormente, podemos observar que o aprendizado que poderia acontecer de forma espontânea e lúdica, acaba se tornando um esforço muito grande, um sacrifício muito grande. Dessa forma,  pensamentos como: “preciso ir à escola; preciso estudar; preciso resolver este problema; preciso recuperar-me, preciso arrumar um emprego, preciso empenhar-me, preciso estudar um idioma estrangeiro”… dão lugar a pensamentos como:
“QUERO ir para a escola; QUERO estudar; QUERO resolver este problema; QUERO recuperar-me; QUERO arrumar um emprego; QUERO empenhar-me; QUERO estudar um idioma estrangeiro”.
É preciso ter muita força de vontade, reflexão, observação e abertura para saber o que ocorre conosco e tomarmos atitudes coerentes para conseguirmos aprender algo de forma significativa.
Muitos parecem pensar que aprendizado com prazer não seja tão necessário assim, pois podemos assimilar algo de qualquer maneira, não importa como.
No entanto, acredito que o “como” é extremamente importante para envolvermos alunos e conseguirmos os resultados esperados.
Acredito que você possa ensinar qualquer coisa; o que vai diferenciar o resultado obtido será o “como” você irá lecionar.
Se o professor estiver atento às reações do aluno perante as aulas que ministra, poderá analisar aquilo que dá certo , o que não dá e ir aprimorando suas estratégias de ensino com o tempo. E você, caro professor de idiomas, como costuma tornar suas aulas prazerosas?
Participe! Será um prazer compartilhar ideias com você!
 
Um grande abraço!

About author

Professora de inglês há mais de vinte anos com certificação internacional pelas universidades de Cambridge, Oxford and Michigan e artista plástica pela FAAP, gosta de compartilhar ideias que surgem nas aulas de inglês, com professores de idiomas. Ministrou vários workshops para professores na SBS, além de ter tido vários etalks publicados. Compartilha ideias no blog www.idiomascomarte.blogspot.com.br Site: www.inglescomprazer.com.br Contato Whatsapp (11) 93031 6063 Email: marifa2006@terra.com.br
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