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Das escolas de idiomas para as escolas bilíngues: um olhar sobre a avaliação – Milena Claus

Gabriela é aluna do último módulo do nível básico em uma escola de idiomas. O curso está terminando e, em alguns dias, ela fará a prova para passar para o intermediário. Carlos faz um curso preparatório para um determinado exame de proficiência. Em cerca de 6 meses ele fará a prova. Gabriela e Carlos são exemplos fictícios de alunos reais. Alunos de professores de inglês que estão acostumados com um determinado padrão de avaliação: as provas finais que testam seu nível no idioma.

O que acontece, no entanto, quando estes professores migram das escolas de idiomas para as escolas bilíngues? Qual concepção de avaliação estes profissionais trazem do contexto em que atuavam? Existem muitos modelos de avaliação. Alguns são muito famosos e dispensam apresentação, como as tais provas. A questão é: que outros modelos estes professores conhecem e a que ponto eles se sentem preparados para utilizar recursos menos tradicionais e formais?

Nas escolas regulares a avaliação é um tema recorrente não só nas ocasiões de formação, mas também nas discussões cotidianas que ocorrem na sala de professores. Ali, conversa-se sobre os modelos adotados e sobre os resultados obtidos, compartilhando-se informações sobre o desempenho dos alunos nas diferentes áreas e ao longo de todo o processo. Este é um outro ponto importante que diferencia o trabalho do professor nos dois cenários que estão aqui sendo contrastados. Nas escolas bilíngues a avaliação não ocorre apenas ao final do curso e seu objetivo não é exclusivamente aprovar o aluno para o próximo módulo, nível ou livro.

Vamos começar do início. O quão familiar lhe é o termo sondagem? A sondagem é muito utilizada na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental I para conhecer as hipóteses que os alunos ainda não-alfabetizados possuem sobre a escrita alfabética e o sistema de escrita de forma geral. Esta situação de avaliação tem uma característica importante: é feita no início, para observar o que o aluno já sabe, fazendo um retrato do processo de aprendizagem do aluno naquele momento, identificando de onde ele parte para perceber como ele evolui. A sondagem é uma prática repetida várias vezes ao longo de todo o ano, pois reconhece o quão dinâmico é o desenvolvimento do aluno nesta etapa.

Traçando um paralelo com o aprendizado de um segundo idioma, a sondagem pode ser um instrumento de avaliação extremamente importante. Ela dá ao professor as informações necessárias para que ele possa, durante o ano, perceber as evoluções dos alunos, inclusive de forma individual. Pode parecer um tanto o quanto óbvio, mas se o professor não sabe como o aluno começou, como ele pode dizer que o aluno está evoluindo?

Para auxiliar o professor no compromisso de observar o desenvolvimento do aluno, um outro instrumento aqui se apresenta como um valioso recurso: o portfólio. Você talvez conheça este termo de outros campos, como o das artes. Enquanto modalidade da avaliação, o portfólio diz respeito à organização de uma coletânea de registros sobre a aprendizagem do aluno que ajuda o professor, os próprios alunos e as famílias a ter uma visão evolutiva do processo. Estes registros podem ser atividades realizadas, pesquisas, textos, fotos ou quaisquer outros que ajudem a contar a história desta trajetória de aprendizagem, colocando em evidência seu patamar de desempenho, as hipóteses que o aluno levantou e se os fins que alcançou estão alinhados com os objetivos inicialmente propostos ou explícitos.

E o termo avaliação somativa? Sounds familiar? Talvez você não o conheça com este nome, mas esta é a avaliação que tem a função de classificar os alunos ao final da unidade, semestre ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento apresentados. Agora ficou mais fácil associar, não é mesmo? Perceba que não é uma questão de definir vilões ou mocinhos nessa história. Instrumentos de avaliação somativa, assim como os de avaliação diagnóstica (sondagem) e formativa (portfólio) podem e devem ser utilizados, mas de preferência em conjunto e não de forma exclusiva.

Agora, já que não é possível ignorar o fato de que estamos lidando com uma geração de alunos millennials, vale considerar também outros tipos de avaliação, como a cooperativa, a auto avaliação, a 360º, a rubrica… Não se preocupe se algum destes termos soarem estranho. É uma ótima oportunidade para você pesquisar mais a respeito e pensar em como adaptá-los às suas turmas, aos seus alunos, aos seus objetivos.

Desaconselhável é continuar com uma visão de avaliação restrita, limitada ao final do processo, que pouco dá conta de dizer de fato como foi o percurso de aprendizagem destes alunos neste fascinante caminho que é o de uma segunda língua. Cabe a reflexão. O início da temporada de planejamento para 2019 está logo aí. Aproveite.

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