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Post de John Milton

Em julho andei de metrô em Nova York, Londres, e Barcelona. Muitos dos passageiros estavam lendo, e aproximadamente metade desses estavam lendo livros, e a outra metade estava lendo aparelhos eletrônicos: iPads, iPhones, tablets, ou kindles. Faz tempo já que estamos sendo avisados que o livro vai acabar, que dentro de vinte anos somente teremos nossos aparelhos de leitura da novíssima geração. Vamos ver…. Não se imprime mais os treze volumes do grande, e incrivelmente pesado, dicionário inglês, o Oxford English Dictionary. Só existe em forma eletrônica, e jornais e revistas no mundo inteiro estão sendo lidos cada vez mais em forma eletrônica do que em hard copy.

Porém, antigamente falava-se que com a vinda do cinema o teatro ia acabar; e com a invenção da televisão que o cinema ia acabar; e com a Internet que a televisão ia acabar, mas todos ainda existem. E o mercado de livros vai muito bem, especialmente aqui no Brasil. Qualquer um que foi no Bienal de Livro em São Paulo na semana passada podia ver. As várias mídias existem lado a lado, complementando-se, cada uma com suas características específicas.

Comprei um iPad e comecei a usá-lo para a leitura de livros. Abri uma conta num site chamado Kobo, que hoje me inunda de mails sobre novas ofertas. Comprei uns livros de um dos meus escritores favoritos, o japonês Haruki Murakami, em inglês, claro. Hoje em dia ele é um dos autores mais vendidos no mundo inteiro. Os preços variam, mas em geral são um pouco mais barato do que os livros em papel. Mas a vantagem é que não se paga correio, e os livros chegam dentro de segundos na minha biblioteca virtual, onde encontro também clássicos de autores como Poe, Hardy, Dickens, Twain, Kafka e outros, e livros populares, de romances a Star Trek, todos gratuitos. Abro meu primeiro livro, The Wind-Up Bird Chronicle e começo a ler. O tipo é grande, é gostoso para ler, e depois de poucos minutos pego o jeito de virar a página, passando o dedo levemente no lado direito da página, como se fosse virar a página de um “livro”, e passo o dedo no lado esquerdo para voltar uma página, e dois dedos para passar ao próximo capítulo. Quando paro ou passo para outra atividade no iPad, baixa um marcador de livro na página onde parei de ler.

Tento usar os acessórios. Aperto na palavra e é realçada, e tenho a possibilidade de ir para o dicionário, Google ou Wikipedia, fazer uma anotação, tuitar, ou mandar mail. Posso ver quais dos meus mais de mil amigos no Facebook estão também lendo no Kobo. Posso trocar o tipo, o tamanho da letra, o formato, a transferência de uma página para outra, o alinhamento, e posso marcar qualquer página. Posso mudar para “Night Reading”, que é fundo preto com letra branca. Mas não posso fazer anotações nas margens com lápis ou caneta, somente na seção especial para anotações. Mas parece que há alguns aparelhos que têm essa possibilidade.

De vez em quando recebo notificações do Kobo. Ganhei um prêmio chamado “Witching Hour Award”, um tipo de prêmio noturno porque li cinco vezes entre meia-noite e uma hora. O outro dia ganhei um copo de champanha (virtual, claro!), porque li cinco vezes durante Happy Hour. E acabei de receber um “Primetime Award” porque estou lendo entre 20h e 22h e não assistindo televisão. De fato, posso ver toda a minha “Reading Life”, minha vida de leitura, todas as estatísticas sobre o número de horas e os dias que li, as páginas por hora, e páginas por sessão. Sei que já virei 2.175 páginas! E quando terminei meu primeiro livro recebi uma notificação simpática me parabenizando por ter terminado meu primeiro livro. É claro, o Kobo quer me vender muitos mais livros…

Mas não posso enviar o livro que comprei para amigos. Só posso fazer um download. Teria de emprestar o iPad com toda a minha biblioteca. Claro, tenho de me lembrar de deixar o iPad carregado, mas não preciso de estar online para ler, e as baterias duram umas sete a oito horas. E tenho de tomar muito mais cuidado com o Ipad de que com os livros, que geralmente não são alvo de ladrões. E se alguma coisa acontecer com o Ipad perco toda a minha biblioteca.

Mas estou gostando muito. Como muitos professores, tenho muitos problemas com espaço, e o Ipad pode armazenar uns mil livros. Na semana retrasada, em vez de levar uma pesada dissertação de mestrado a São José do Rio Preto, coloquei o PDF da tese no Ipad. É leve e prático, e, como já disse, a experiência da leitura é muito agradável. Mas há muitos livros que não se pode ainda comprar em forma eletrônica. Tentei compra uns livros virtuais do autor J. M. Le Clezio, autor francês vencedor do Prêmio Nobel em 2009, mas achei um livro só dele. Parece que certos autores não permitem que haja versões eletrônicas dos seus livros, e me parece que o mercado é muito mais desenvolvido em países de língua inglesa. Então, tive de aproveitar minha estadia em França em julho para visitar uma livraria em Montpellier



 John Milton é professor de Literatura Inglesa e Estudos da Tradução na USP. Ele acaba de lançar Viagem à Turquia, Balcãs e Egito, pela Editora Hedra.
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