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O velho e bom “ditadinho” – Tatiana Ribeiro

Pra muitos de nós, professores ou estudantes de línguas, a palavra “ditado” remete a velhos tempos. Logo a gente imagina uma professora (por que não um professor?…) na frente de um quadro-negro-velho-estilo, potinho de giz no canto da mesa de madeira escura, os alunos todos com as canetas em punho, caras amedrontradas, os cadernos abertos, as linhas ainda branquinhas esperando por ele…o ditado, as frases ou o texto que a professora vai dizendo pausadamente.
– Peraí! Tá muito rápido!
– Devagar, professora, dá pra repetir?
Pois bem. E se eu digo que o velho e bom ditado está mais vivo que nunca? Torceu o nariz? Olhou de lado? Tudo bem, os alunos também fazem isso num primeiro momento. A primeira reação de um aluno que ouve a proposta “vamos fazer um ditado” ainda é a de se sentir uma criança sem escolha, mas é passageira e vira parte de uma espécie de brincadeira, onde todos acabam gostando da sensação de voltar ao passado. Daí a começar a “fazer de conta” que não quer fazer o ditado quando na verdade quer, é um pulo. Afinal não somos todos um pouco crianças quando aprendemos uma língua estrangeira? Muitas vezes nos vemos todos tal qual um menino ou uma menina, sentados com os olhos cravados no professor ou professora e nos livros didáticos que nos apresentam de forma o mais lúdico possível…o desconhecido. Claro que, na condição de adultos, frequentemente recorremos às nossas experiências com o aprendizado de uma forma geral para “resolver os problemas” que uma matéria impõe. Mas o sentir-se criança, o voltar à infância em determinadas situações pode ser não só prazeroso como muito vantajoso.
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Nas aulas de português para estrangeiros só a palavra “ditadinho”, lançada assim no diminutivo e carregada de sotaque carioca, conquista a simpatia dos alunos imediatamente. Muitos riem, dizendo que essa palavra dá a real ideia do que é o português falado no Brasil. Pode ser, mas o fato é que, rindo e brincando de ser criança em sala de aula, já vi muitos diretores de empresas se renderem ao velho e bom ditado.
Passado o primeiro impacto de “estranheza” e uma rápida tentativa de recusa (que obviamente eu ignoro solenemente) os alunos, resignados, abrem seus cadernos e invariavelmente noto as expressões descontraídas de quem já se entregou ao jogo. A partir daí as portas estão abertas para se trabalhar, por exemplo, a capacidade de compreensão e a memória em relação às regras gramaticais de uma língua.
O primeiro ditado proposto é quase como um ritual de iniciação, após o qual o grupo passa a se sentir absolutamente à vontade para todo e qualquer ditado que lhe seja proposto. Até o ponto em que a professora (ela que nunca duvidou do poder e do valor do que estava propondo) diz:
– E hoje…
e ouve a resposta coletiva:
– …ditadinho!
Ganhou o velho e bom ditado, ganhamos todos. Afinal, é ou não é bom brincar de ser criança por alguns minutos do dia? Melhor ainda se, brincando, a gente ainda aprende.
 

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