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Quem tem medo das tecnologias? – Tatiana Ribeiro

É muito comum achar que professores que vêm da Faculdade de Letras não têm nenhuma familiaridade com softwares, ferramentas, enfim, não são muito hábeis no uso de alguns recursos que a tecnologia põe à nossa disposição e que o máximo que fazem com um computador é escrever textos (como se fosse pouco…), fazer pesquisas na internet e interagir em redes sociais. Concordo que muitas pessoas são relutantes quanto à leitura de textos na tela do computador e de Kindle, por exemplo, mas hoje em dia, em sala de aula, pelo menos nós, professores de línguas, somos cada vez mais postos à prova no que diz respeito ao uso de determinados recursos viabilizados para o ensinamento.
 
LIMSMART
 
Um desses recursos é a famosa Lousa Interativa Multimídia, a LIM. Se eu já andava feliz quando o quadro-negro e o giz (que me deixava com uma sensação esquisita nas mãos e que invariavelmente sujava minhas calças pretas, que eu teimava em usar) foram substituídos pela lousa branca e pelo pilot, imaginem como fiquei quando descobri a LIM!
Poder usar meus dedos para escrever no “whiteboard”, usar as costas das mãos para apagar, escolher a cor do texto, o tipo e o tamanho da fonte, exatamente como faço quando redijo um texto no meu computador, me fazem virar ainda mais criança em sala de aula e arrastar os alunos comigo na mesma onda. Isso pra não falar do fato que posso inserir imagens. Tudo bem, mesmo sem a LIM isso pode ser feito, posso pedir ajuda ao Google Imagens toda vez que quero mostrar uma figura, basta para isso ter um computador ligado a um projetor. Mas com a LIM eu não só insiro a imagem como posso mostrá-la em 3D!
Já pensou o que é ter que explicar para um grupo de estrangeiros o que é uma tapioca ou uma jaca? Pois é. Com a LIM eu só corro um risco; o de me perder nos recursos e desviar a atenção dos alunos (e minha também). Tenho que tomar cuidado pra não ficar girando a imagem da jaca em 3D sem parar, como uma criança embasbacada. Como o próprio nome diz, a LIM proporciona a interação, convida a participar. Não serão só as crianças a querer ir até a lousa para escrever alguma coisa ou inserir alguma imagem.
Todas as aulas propostas com a LIM podem virar arquivos armazenados e prontos para serem “chamados” a qualquer momento no futuro. Da mesma forma que é possível resgatar os arquivos de imagens ou de textos salvados, também é possível registrar áudio e vídeos e salvá-los como qualquer outro arquivo.
A propósito de vídeos, adoro utilizá-los em sala de aula. De todos os tipos, desde entrevistas a trechos de filmes ou documentários, passando por sketchs ou comerciais de TV. Ao contrário das músicas, ainda muito utilizadas em alguns cursos de línguas, o vídeo não oferece o risco de uma palavra modificada para entrar no tempo da música. Além disso, a linguagem usada na maioria dos casos é a coloquial, que se usa no dia a dia. Claro que as letras de músicas também representam um recurso interessante, principalmente pela repetição de algumas expressões (especialmente se forem atuais) no refrão. Mas seria facilmente identificável um estrangeiro que montasse um discurso baseado principalmente em letras de músicas, não é? Já os vídeos com depoimentos, por exemplo, podem servir como modelo a ser “imitado” pelo falante.
Não é necessário dizer que é bom que os vídeos propostos em aula não sejam muito longos. Eu particularmente prefiro trabalhar com vídeos de cerca de no máximo 7 minutos de duração. Quando quero mostrar o trecho de um filme ou de uma entrevista, por exemplo, escolho o trecho que me interessa e o edito, o que equivale a dizer que corto o vídeo e o transformo num vídeo menor. Se isso não puder ser feito, seleciono a parte a ser mostrada e anoto o minuto exato em que começa e até que minuto vai, de forma a mostrar diretamente o trecho em questão. O importante é que cada vídeo não dure muito; é preferível mostrar mais de um vídeo do que um vídeo muito extenso. Se o aluno se interessar pelo vídeo do qual você mostrou só uma pequena parte, pode perfeitamente vê-lo por inteiro com toda calma em casa. Existe uma vasta bibliografia que aborda o tema das curvas de atenção em sala de aula, mas muitas vezes o melhor indício de que é hora de passar para a atividade seguinte são os olhares que preferem o celular (que horror…) ou os famigerados bocejos.
Como exemplos de atividades com vídeos, além dos clássicos debates a partir de perguntas feitas previamente, sugiro:
– Redija o texto que os alunos vão ouvir no vídeo e retire algumas palavras para que eles preencham durante a projeção. O velho “fill in the blanks” é sempre útil para manter os alunos atentos e testar a capacidade de compreensão.
– Se não quiser usar o “fill in the blanks”, pode ser muito útil trabalhar o texto que eles vão ouvir em seguida num sketch ou numa propaganda com um discurso típico do dia a dia. Para isso você terá que ouvir o vídeo várias vezes e redigir as falas num documento Word, que pode ser distribuído entre todos.
– Apresente um vídeo com uma entrevista sua com algum falante nativo, ao melhor estilo “cinema novo”. Proponha perguntas que possam interessar aos alunos e que possam suscitar uma discussão depois.
Se o seu problema é a chamada “preguiça tecnológica”, muitas escolas de línguas se dispõem a ajudar, oferecendo instruções básicas para o uso de materiais multimídia. Para quem gosta de trabalhar com criatividade, a tecnologia só ajuda, é um ótimo coadjuvante a nosso favor.
 

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