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Cultura e EducaçãoEditorial NR

A importância de compreender, informar e envolver os pais dos nossos alunos

“Acho ela muito novinha para ter aulas de inglês” • “O inglês aqui da escola prepara para o ENEM?” • “Aprender um idioma agora vai atrasar a fala do meu filho?” • “Você sabe que eu não falo nada de inglês né, mas minha filha vai ter que estudar fora” • “Os professores aqui falam inglês americano ou britânico?”

Acredito que muitos coordenadores e gestores já ouviram algumas destas frases este ano não é mesmo? Responder à estas perguntas e ao mesmo tempo acolher a ansiedade, angústia e expectativa dos pais dos nossos alunos não é uma tarefa fácil. Se enviamos artigos e/ou dicas de leitura sobre o assunto, muitos não leem. Se convidamos para palestras com especialistas, alguns (geralmente aqueles que mais precisam e reclamam nos grupos do WhatsApp) não comparecem. O que fazer então? Como envolver os pais dos nossos alunos de maneira contextualizada e significativa no processo de aprendizagem/aquisição de um idioma?

Com o objetivo de facilitar e quem sabe inspirar a sua próxima reunião de pais, compartilharei aqui algumas dicas de como costumo discutir este tema com as famílias.

PEDAGOGIA DA ESCUTA I

Sim, eu sei que o que menos temos na coordenação/ gestão é tempo para ficar no portão da escola seja na chegada ou saída de alunos. Entretanto, este momento pode ser muito importante para coletarmos informações para a nossa prática: “Oi, tudo bem? O que você tem achado das aulas de inglês aqui na escola? O Felipe comenta alguma coisa em casa? Sabe se ele está com alguma dificuldade? O que você acha que poderíamos fazer para ajudá-lo?”.

UMA IMAGEM VALE MAIS DO QUE MIL PALAVRAS

Uma imagem dos nossos alunos sorrindo nas aulas então, acalma o coração da maioria das mães, não é mesmo? Assim, peça para a sua equipe de professores selecionar as melhores fotos de cada grupo e salvar na sua nuvem de preferência (Google Drive, Dropbox, iCloud, qualquer nuvem). Monte um Power Point para a sua reunião de pais com estas imagens. Evite textos longos (nunca mais de 3 linhas) e evite colocar também mais de duas fotos por slide.

TODO AMBIENTE EDUCA

Sabemos que a ansiedade e a angústia impedem a aprendizagem, certo? Muitos estudos indicam que quando não estamos confortáveis em um ambiente ou situação, bloqueamos o fluxo de informações para os centros de aprendizagem do nosso cérebro, embaralhando os circuitos neurais, impedindo a concentração. De acordo com a educadora holandesa Bep Vroling, quando a criança se sente segura e bem, ela pode aprender qualquer coisa. Podemos aplicar a mesma lógica aos adolescentes, aos adultos, aos pais dos nossos alunos, e a nós mesmos não é verdade? Portanto, certifique-se que reservou um espaço aconchegante para o seu encontro com as famílias. Providencie um café e se possível um bolinho (alguns corações já se derretem ao sentir um aroma de bolo fresquinho). Lembra das fotos que os professores selecionaram para ilustrar o seu Power Point? Solicite a impressão de algumas imagens e monte um mural bem colorido com imagens das aulas e algumas legendas (de preferência feita pelos próprios alunos descrevendo a imagem). Ah! Não se esqueça de colocar uma música de fundo antes da reunião começar. Greatest hits do Queen ou Beatles são sempre bem vindos.

PEDAGOGIA DA ESCUTA II

MEMÓRIAS DA INFÂNCIA

Inicie a reunião agrupando os pais em trios ou pequenos grupos (dependendo da quantidade) e peça para compartilharem memórias do tempo deles na escola. Sugestão de palavras (sem imagem) para seu slide: cheiro, melhores amigos, brincadeiras, professor, história, músicas e matéria mais difícil.

PEDAGOGIA DA ESCUTA III

MEMÓRIAS DAS AULAS DE INGLÊS

Após compartilharem as memórias de infância, pergunte quais são as lembranças das primeiras aulas de inglês da vida deles. Alguém aprendeu na infância? Onde? Como eram as aulas? Alguém estudou em escola de idiomas? Quais recursos/materiais eram utilizados? Como praticavam o idioma quando saiam da escola? Gostavam de aprender? Não gostam até hoje? E em relação aos filhos de vocês? Será que eles aprendem da mesma maneira?

FILHOS BILÍNGUES/MULTILÍNGUES:

VANTAGENS E BENEFÍCIOS

Se fizermos uma breve busca na internet com as palavras “bilingual brain” encontraremos diversos estudos que comprovam as vantagens de se aprender um ou mais idiomas. Como não sou especialista em neurociência, costumo discutir estes benefícios adotando uma perspectiva acadêmica e multicultural.Perspectiva Acadêmica – Muitos pais querem que seus filhos sejam multilíngues para que possam se comunicar melhor com pessoas de outros países e melhorar assim as suas perspectivas profissionais. Mas antes de nos tornarmos experts em um assunto ou profissão devemos estudá-lo certo? Um estudo realizado em 2016 pelo British Council em colaboração com a FAUBAI (Associação Brasileira de Educação Internacional) identificou 671 cursos com aulas ministradas em inglês em instituições de ensino superior no Brasil. Destes 671 programas de estudo, 418 eram cursos de curta duração e a maior parte deles era oferecida no sudeste (61%) e no sul do país (30%). Instituições como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do ABC (UFABC), Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP) possuem professores e alunos estrangeiros em seus programas acadêmicos. É importante ressaltar também que 78% destes cursos são gratuitos.

Mas e no mundo? Atualmente encontramos programas ministrados na língua inglesa em mais de 1.000 universidades, 70.000 programas (bacharelado e mestrado) em 700 cidades em todo o mundo.

Perspectiva Multicultural – aprender um novo idioma não apenas possibilita a compreensão da diversidade cultural que existe no nosso país, mas também permite que nossos alunos apreciem melhor as culturas de todo o mundo. Estudos indicam que pessoas que falam dois ou mais idiomas apresentam níveis mais altos de empatia cognitiva e maior capacidade de entender as emoções do outro. Um dos exemplos que compartilho com os pais para ilustrar esta perspectiva multicultural é que nas aulas de língua inglesa do século XXI não podemos mais dizer que falamos inglês americano ou britânico.

Os alunos da Educação Infantil continuam cantando “Twinkle, Twinkle, Little Star” mas assistem a vídeos das crianças na Índia ou Espanha cantando a mesma música com os seus “sotaques locais”. Os adolescentes assistem às entrevistas em inglês de seus ídolos K-Pop (música pop da Korea do Sul que viralizou no mundo) sem reclamar que “eles falam um inglês que a gente não entende”.

Proficiency testing does not by its nature test the details of what has been learned and how progress has been achieved. Everything from the design of tasks to the specification of tests is about eliciting a generalised view of performance.

AS CEM LINGUAGENS DOS PAIS DOS NOSSOS ALUNOS

Que tal encerrar este encontro com alguma brincadeira ou experiência?

Infelizmente muitos adultos não tiveram uma experiência divertida e afetiva de aprendizado da língua inglesa na infância. Talvez aprenderam o segundo idioma na base do “repeat please, repeat please”. Assim, é natural que muitos adultos ainda acreditem que as aulas de inglês nas escolas de hoje são como as mesmas que tiveram há vinte ou trinta anos. Muito se fala das cem linguagens das crianças e dos educadores, mas pouco ou nada se fala das cem linguagens dos pais dos nossos alunos. Portanto, precisamos envolvê-los neste processo e convidá-los a vivenciar a aprendizagem de uma nova maneira. Uma maneira mais afetiva, significativa e contextualizada de acordo com os interesses e expectativas de cada comunidade escolar. Qual brincadeira ou experiência realizar neste momento? Isso só você saberá. Provavelmente a quantidade e qualidade das ideias que terá dependerá do tempo que investiu conversando com os pais no portão da escola, com as crianças no parque, com os adolescentes na cantina, com os educadores durante as reuniões pedagógicas, os artigos que leu sobre educação bilíngue, as aulas que observou no mês, as conversas que teve nos intervalos de cursos e congressos, os livros que leu ou os TedTaks que assistiu no mês.

Não se preocupe pois a criatividade vem, a criatividade sempre vem.

A criatividade é a escuta!

Abbracci a tutti,

Sandra Rodrigues

THE AUTHOR

Sandra Rodrigues é fundadora da Smart Learning Brazil, pedagoga especialista na Abordagem de Reggio Emilia e mestre em Educação pela Open University do Reino Unido.

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