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O ensino bilíngue sob o ponto de vista do cérebro – Milena Claus

brain-544403_1280Ensino bilíngue é certamente um tema ainda pouco explorado. Uma das esferas que têm recebido mais a atenção dos pesquisadores diz respeito a entender como o cérebro bilíngue funciona para, a partir de então, ser possível colocar alguns dos mitos à prova.
Dr. Arturo Hernandez, da Universidade de Houston, utiliza uma metáfora interessante para nos ajudar a entender de que maneira o nosso cérebro lida com as duas línguas. Ele diz “it´s like two species coexisting in an ecosystem. They´re working together sometimes, sometimes at odds, they have to share resources, sometimes they fight for resources”.
Esta metáfora é particularmente inquietante pois nos lembra o quão complexo é um ecossistema e, por sua vez, o quanto é inútil a tarefa de tentar observar apenas um de seus elementos, ignorando as suas relações e interdependências.
Quando olhamos os estudos sobre o tema, em especial aqueles que observam através do uso dos exames de imagem as áreas do cérebro que são ativadas na execução de determinadas funções temos importantes dados que nos ajudam a compreender, por exemplo, qual é o melhor momento para se aprender uma segunda língua. Esta, inclusive, foi uma das conclusões a que vários estudos chegaram: a idade de aquisição da segunda língua influencia a forma com que o cérebro recebe e processa esse conhecimento:
“The brain activity tells us something about the ways in which words are learned. It suggests that words learned early in life involve more sensory processing, and words learned later involve more effortful processing, which involves connections to other things in the world that have similar type of meaning”.
É como se, quando pequenos, todo o aprendizado fosse orgânico. O que é recebido pelos nossos sensores forma uma base sobre a qual o que chegar posteriormente irá se conectar de alguma forma. Os primeiros registros formam as raízes no cérebro. Os que chegam mais tarde são mais conscientes e exigem algum esforço.
Interessante é pensar o quanto o aprendizado de uma segunda língua está diretamente condicionado ao próprio desenvolvimento do cérebro. Sabemos que o cérebro se desenvolve da parte traseira para a frontal e do hemisfério direito para o esquerdo. Na parte de trás do cérebro está o lobo occipital, área que tira uma “foto” daquilo que vemos ao nosso redor e envia esta informação para ser processada em duas outras áreas: no lobo temporal, que fica ao lado das orelhas, e que é aquele que responde por reconhecer o que é aquele objeto e no lobo parietal, área que situa espacialmente aquele determinado objeto, dizendo onde ele se localiza. O lobo temporal esquerdo, por exemplo, que é a área envolvida na função da linguagem, parece chegar à sua maturação por volta dos 40 anos. Isso sugere que o desenvolvimento da linguagem é muito prolongado.
Estudos com bilíngues revelaram ainda que a questão da idade tem um impacto sobre pronúncia. “For the vast majority of people, when a second language is learned later in life, in general, it has a stranger accent”. Isso porque aqueles que foram expostos à segunda língua cedo têm uma percepção absoluta dos fonemas e aqueles chamados de “later bilinguals” usam o recurso de comparação para reconhecer os fonemas, ou seja, tem uma percepção relativa deles. Uma vez que você foi exposto a uma determinada língua quando pequeno, será mais fácil para, mais tarde, você aprender aquela língua.
Hernandez responde à clássica pergunta de se devemos aprender um idioma cedo ou mais tardiamente de forma bem otimista:
“… whenever you can but most importantly be mindful of the fact that each language and when it´s learned will be different. It will be different because early learning and late learning are different due to the brain systems that are available to learning at different points in development.”
HERNANDEZ, Arturo E. The Bilingual Brain, Oxford, 2013.

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